Confissão.

Houve um tempo em que me sentia quase pronta a voar,mesmo tendo as asas feridas.Alguém me encontra de mansinho ou eu encontro...me dá a mão,caminha comigo... Somos duas à seguir um caminho que não sabemos onde nos vai levar,onde não se pergunta quem é o outro que chegou,chegou,apenas.Somos duas com medo,mas arriscamos.
Eu vou,porque acho que sou capaz de acreditar outra vez. Não perco o receio de voltar a dar-me e talvez perder,mas mesmo assim,vou de mão dada com quem acredito.Dou-me devagar,para não pisar,os corações já estão feridos.
Quando quiz escancarar o coração a vida já estava de novo vazia, já alguém tinha ido embora sem fechar a porta.Mas a vida é isso: Perder. E não quero perder novamente.Não agora.
Inevitavelmente chegaria o dia de abaixar os braços,de deixar de lutar.Já nada há que possa ser feito.Já não depende de mim.Depende de nós duas.
Esperamos minutos que viraram horas,horas que viraram dias,dias que viraram semanas. Pensei que fosse aguentar mas não.Já não aguentamos mais.Estamos no limite.
Vamos continuar ?
Sintimo-nos ridiculas e estranhas por finalmente querer dizer as palavras....mas ganhamos essa coragem....talvez tarde demais.Ganhamos a coragem quando as palavras já não faziam a menor diferença,não mudariam nada,eram tardias.Mas rebentamo-nos por dentro para chegar a esse momento,à hora de dizer tudo. Mas o momento nunca chegou...será que vai chegar ?
De nada vale fazer balanços,pensar que podia ter feito desta ou daquela maneira,de nada valem os arrependimentos ou agradecimentos.Estes balanços são faceis porque já não adianta,nada muda.
E bastava-nos um resto de carinho que ainda pudesse existir,esquecido,num peito imenso,um carinho que nos ajudasse.
Queremos falar o que ninguém quer ouvir,queremos ouvir o que ninguém falou.Como se a vida dependesse dos segredos que certas palavras encerram...Como este caminho podia ser agora tão mais fácil,como tudo podia ser tão mais simples.
Os nossos pensamentos,os nossos sentimentos pouco importam num mundo que não pára para pensar se será justo.É esta espera que nos mata,nos deixa numa ânsia que não nos permite respirar,esta duvida que nos tortura a alma carregada.
E não sei... já não sei.Invento respostas,mil respostas e continuo sem saber o por que.
Sento num banco da praça,fumo um cigarro e vejo aquele cão vadio que se chega a mim abanando a cauda. É como eu: vagueia em busca de um carinho,de uma ternura que seja. Cadê ?
Chegou o momento de escolher: continuar esta espera ou esquecer.Lutamos pela segunda ? Claro que não,nem vale a pena.Estamos cansadas.Mas não vamos nos habituar à ausência...
Haverá uma noite em que o sono chegará tranquilo,no dia em que a esperança já tão pequena se tenha finalmente extinguido.Quero dizer: NUNCA.
Somos os seres mais pequeninos,mais insignificantes por nos sentir assim.É por isso que escrevemos, para de uma forma ou outra aliviar a dor.A impotência que nos destrói.As palavras que nos ferem...e as outras,as que vivem dentro de nós,tristes e sem repouso por nunca as poder dizer.
Vidas de pessoas que se querem primeiro encontrar...ou que se afastam para se protegerem.Isso nos mata mais.
Certas verdades,mesmo as mais cruéis começam a aceitar-se para tornar a vida menos ingrata,menos cruel.Existem outras que nunca se revelarão.Que nunca nem ao menos se aceitarão.
Só precisávamos clarificar sentimentos.E é sempre tão dificil falar deles!
À beira do abismo acreditamos que quem apertava nossas mãos iam saltar com a gente.Mas na hora da verdade saltamos sozinhas e ao cair nos sentimos terrivelmente sozinhas.
Queremos seguir,levantar o rosto com o orgulho de quem sabe que fez o que lhe foi permitido.E foi pouco,muito pouco...
É hora de lamber feridas,sacudir poeiras,enchugar as lágrimas e seguir sorrindo fingindo ser feliz ? Acho que a resposta é não,mas eu estou aqui por ti. Talvez,apenas por ti.
Não perdoamos o que nunca entendemos.E o mais dificil é perdoar a nós mesmas.
Mas não esqueça,eu te amo Marlyana, e estou contigo.Acredite,estou segurando tua mão,agora.

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